Pausa na Viagem
Image Map

[RESENHA] "QUISSAMA - O Império dos Capoeiras" (Maicon Tenfen)



"Apanhei o chapéu e o encaixei na minha cabeça molhada. Sem me importar com as outras coisas, o paletó, a gravata, os pulsos e os colarinhos, que ficaram para trás, saí manquejando pelo corredor. (...) Senti um forte desânimo, tive impressão de que fora encurralado pelos azares do mundo. Dentro de pouco tempo, porém, descobriria que tudo que estava acontecendo não passava da ponta de um iceberg. Um nefasto e tenebroso iceberg". (p. 162) 

Autor: Maicon Tenfen / Ilustrador: Rubens Belli / Editora: Biruta / Ano: 2014 / Páginas: 308


"Quissama - O Império dos Capoeiras" não é um livro comum. Pelo contrário: é extraordinário por natureza. Extraída das memórias "perdidas" de Daniel Woodruff, um viajante inglês do século XIX, a obra narra as aventuras do autor em terras tupiniquins, seus dramas pessoais, os casos nos quais se envolveu como detetive e as experiências mais intensas que viveu no Rio de Janeiro em 1868.

Após sofrer um duplo trauma em Liverpool - perdendo a esposa e o filho recém-nascido em um parto mal sucedido -, Woodruff decide lançar-se ao mar como marinheiro. Durante os anos nos quais percorre o mundo, o ex-agente da Scotland Yard tem a oportunidade de entrar em contato direto com as artes marciais e jogos de luta pelos quais é apaixonado. E é esse mesmo interesse que o leva a aportar no Rio de Janeiro, onde conhece a famigerada capoeira.

Quando inicia o episódio brasileiro de suas memórias, Daniel Woodruff já havia conseguido certo reconhecimento dos fluminenses por ter desvendado o Caso do Teatro, revelando o paradeiro de uma artista francesa que desaparecera misteriosamente. Apesar da fama repentina, Woodruff segue a rotina desprovida de luxos na pensão da viúva Jandira, onde encontra no português Miguel um grande amigo.

É aí que surge um novo personagem na história: Vitorino Quissama, o jovem escravo fugitivo. O negro entra na vida de Woodruff envolto em uma aura de mistério. Ele procura o investigador a fim de descobrir o paradeiro da mãe, uma escrava supostamente vendida por seu senhor - o temido criminoso Müller. Como recompensa, Quissama oferece um valioso colar, cuja origem incerta torna o caso ainda mais nebuloso aos olhos de Daniel.

É a partir da joia que o desconfiado inglês se vê envolvido em situações perigosas, sentindo o peso da corrupção e dos conflitos de interesse que marcam a sociedade carioca no período escravocrata. Ao lado do menino Quissama, passando por figuras históricas como o escritor José de Alencar, Woodruff vive aventuras tão incríveis e eletrizantes que só podem ser ficção - mas não são. Pelo menos, não totalmente.

Para ser sincero, não sei o quanto da obra segue fielmente o relato de Woodruff ou é resultado das adaptações promovidas por Maicon Tenfen. O fato é que o livro funciona tão bem que é impossível não se deixar levar pelas personagens cativantes, pelo ritmo acelerado e pela narrativa primorosa. É daquelas histórias que a gente chega ao fim praticamente sem fôlego, com uma pontada de tristeza por ter acabado, mas com a sensação exultante de ter vivido a experiência da leitura.

Daniel Woodruff e Vitorino Quissama são personagens tão ricos e cheios de nuances que não deixam dúvidas quanto ao fato de serem - ou terem sido - reais. À parte da trama bem urdida, digna de Sherlock Holmes, a relação entre os dois é o grande destaque do livro. Impossível não ter empatia pela dor do menino Quissama, cuja existência desgraçada não o impede de ser um jovem cheio de vida, energia e vontade - vontade de mudar, vontade de viver. Quanto a Woodruff, o sentimento terno e paternal que desenvolve pelo escravo é palpável, tão intenso e verdadeiro que o faz desafiar a razão e o bom senso apenas para vê-lo protegido.

"Quissama - O Império dos Capoeiras" é um livro completo: não atinge somente aos pré-adolescentes (público-alvo da Editora Biruta), mas é um prato cheio para leitores de todas as idades. Tem aventura, tem ação, tem drama, tem verdade, tem coração - e até reserva espaço para o humor. É uma deliciosa viagem no tempo, temperada com as lindas ilustrações de Rubens Belli, que casam perfeitamente com o texto e agregam um charme especial ao projeto gráfico. 

Cinco estrelas, favoritado e recomendadíssimo. Leia e não se arrependerá!











Sobre militância LGBT e o Efeito Boticário

 
(Foto: ela.oglobo.globo.com)

 


Olá, gente! Se ainda tiver alguém aí, espero que perdoem o hiato de postagens, mas aqui estou eu para dar sinal de vida. Sei que o blog simplesmente estagnou, sem maiores explicações, mas tanto eu quanto a Aline faremos o possível para voltar com as postagens, nem que seja aos poucos, e por isso contamos com a compreensão (e paciência) de vocês.
 
Depois da massiva e inegável repercussão em torno da nova campanha publicitária d' O Boticário, aquela das "sete tentações de Egeo", julguei por bem vir a público me manifestar sobre toda essa questão - e expor os pontos que mais me incomodam.
 
Em primeiro lugar, quero deixar claro que este texto não tem nenhuma pretensão partidária. Não proponho um debate meramente político, mas, antes de tudo, humano. Dito isso, creio que já devam saber do que se trata.
 
A referida campanha publicitária gerou uma tremenda polêmica - calculada, é claro, mas que acabou assumindo proporções exageradas - devido à representação de casais homoafetivos que trocam presentes no Dia dos Namorados. Trata-se de um anúncio da nova linha de perfumes Egeo, um dos carros-chefe da marca, que aposta em uma estratégia até então inédita no Brasil: a naturalização da homossexualidade, em equivalência aos casais héteros (também retratados no vídeo).
 
Se você perdeu esta pérola, confira:
 
 
 
De bom gosto e simplicidade ímpares, a nova campanha vai de encontro à avalanche nonsense de comerciais chulos, daninhos e deletérios que marcam a identidade da publicidade nacional. Não que eu seja uma pessoa conservadora, longe disso. Moral e bons costumes são conceitos bem relativos e maleáveis para mim. Mas aplaudo os criadores do vídeo por terem cumprido seu papel: o de vender o produto, transmitindo uma mensagem concisa, honesta, sem apelar para artifícios burlescos dos quais estamos saturados. Como um plus, ainda promove a inclusão social. Capitalismo? Sim, mas é muito mais do que isso.
 
No fim das contas, O Boticário conseguiu atingir seu objetivo: causar. Ao romper as suturas de uma ferida que não se cicatrizará tão cedo, a empresa promoveu o embate entre LGBTs, militantes e simpatizantes versus cristãos autodeclarados, defensores da família tradicional nuclear (pai + mãe = filhos - como se as relações humanas fossem uma ciência exata).
 
Posições ardorosas, de ambos os lados, tomaram os sites e redes sociais. O celeuma virou meme, rendendo posts bem humorados, argumentos e falácias, alfinetadas e discussões acaloradas. Revelou-se a face do Brasil: rir dos próprios "problemas", dos próprios defeitos, doa a quem doer.
 
Na boa, sem hipocrisia, lá estava eu na multidão, rindo com os outros. Escarneci diante do caráter ridículo e absurdo de toda a situação. Curti muito quem destilava sua ironia escrachada, posicionando-se do lado sensato da coisa. Porque, convenhamos, os ataques e justificativas dos pseudoevangélicos que se ofenderam com o comercial (não incluo aqui os cristãos que, assim como eu, creem no Santo Evangelho, e não se valem de textos irrelevantes do Antigo Testamento para cercear o direito alheio) são, na falta de um adjetivo melhor, ridículas.
 
Não vou me estender em explicar por que a representação de casais gays NÃO é uma afronta à família, seja ela qual for - já escrevi um texto sobre isso aqui no blog. Tampouco vou gastar esse espaço tentando convencer os críticos (que sequer chegarão a ler) do quão deficiente é o seu raciocínio. A questão nunca foi religiosa e eu não vou me ocupar de ataques ao Cristianismo, a fé na qual fui criado e à qual devoto grande respeito.
 
Este texto tem como objetivo tirar a problemática LGBT da marginalidade e do simplismo, e convido àqueles que tiveram empatia conosco neste caso específico a me emprestarem um pouco mais da sua atenção.
 
Eu aprecio o esforço de pessoas hétero que se uniram a nós no combate à intolerância, mesmo que pontualmente. Não teríamos tido tanta visibilidade e voz ativa nesta questão se não fosse por vocês. Agradeço imensamente, em nome de todos os meus irmãos e irmãs lésbicas, gays, bissexuais e trans. Ao achincalhar o preconceito, vocês provaram que estamos no caminho certo e devemos manter nossa bandeira erguida e tremulante.
 
Ao mesmo tempo, eis o ponto ao qual eu queria chegar. Nestes poucos dias de polêmica, talvez a comunidade hétero tenha se dado conta da dimensão e da importância da militância LGBT na construção de um Brasil livre da praga da homofobia. Espero, de coração, que tenham entendido o quanto nossa luta é válida, digna e necessária. Que não estamos exagerando. Que não estamos buscando privilégios. Que não temos a intenção de promover uma "ditadura gay" ou influenciar sexualmente crianças e jovens, mas apenas fazer acontecer o direito à vida e à segurança, o direito de sermos vistos e ouvidos, de existirmos como somos. Que somos mais do que a Parada do Orgulho Gay. Mais do que Madonna e Lady Gaga. Mais do que apenas um grupo de pessoas que partilham uma preferência sexual diferente da maioria.
 
Se quisermos sobreviver e mudar alguma coisa de verdade, precisamos nos unir. Todos. Gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, héteros, religiosos, não religiosos, pessoas públicas, pessoas anônimas, pais, filhos, professores, políticos... cidadãos. Não vamos fazer deste Efeito Boticário uma mera oportunidade de espalhar a piada pronta que é o preconceito. Que nós, LGBTs e héteros, não deixemos que isso se resuma a uma militância de oportunidade. A luta continua, e infelizmente, a homofobia não vai acabar só porque não faz sentido. Pelo menos, não agora.
 
O espaço é pequeno para tratar de toda a complexidade desta questão. O debate não começa e nem termina por aqui. É um diálogo constante com a História e com a sociedade. Mas não estou aqui para dar aulas, mesmo porque não tenho a habilitação necessária. Minha única esperança, ao encerrar este texto introdutório, é que as palavras desabafadas nos parágrafos anteriores possam tê-lo tocado de alguma maneira.
 
 


 
 
 
 
 



[SÉRIE] "ORANGE IS THE NEW BLACK": Segunda Temporada

(Imagem: Divulgação/Netflix.)

ATENÇÃO: ESTE POST PODE CONTER SPOILERS.


Oi ,gente! Adivinha do que eu vim falar hoje? Siiim, da segunda temporada de “Orange Is The New Black”. Pra quem não viu a resenha da primeira temporada é só clicar AQUI! Pra quem leu e ficou ansioso pra saber o que eu achei da segunda temporada, vai ficar sabendo de tudo agora.

Essa segunda temporada foi ainda melhor que a primeira, surpreendente. Chapmam está de volta à penitenciária Litchfield depois de um tempo que ficou em Chicago para seu julgamento. Ela está definitivamente muito mudada, a Piper medrosa, que fazia bobagens e que era passiva lá dentro definitivamente deixou de existir para dar lugar a uma Piper criminosa e com ar de brigona e perigosa.

Sobre o julgamento: deu tudo errado. Chapmam e Alex combinaram o que falariam nos seus respectivos depoimentos, ambas mentiriam sobre conhecer o chefão do trafico, mas na hora “h” Alex conta toda a verdade enquanto que Chapmam mantém o combinado, e o resultado disso foi a liberdade condicional de Alex e a volta pra cadeia de Chapmam.

Isso causa uma revolta muito grande da parte de Piper, que se sentiu traída pela ex-namorada. Alex tenta contato mandando muitas cartas para Piper, mas ela não chega nem a lê-las. Enquanto isso Piper consegue um indulto para sair da cadeia porque sua avó está doente. Fora da cadeia ela se reencontra com sua família e Larry, e vê que o relacionamento dos dois não tem mais volta, e logo depois disso descobre que Larry transou com sua melhor amiga.

Dentro da penitenciária está um clima pesado com a chegada de uma detenta que já esteve ali algumas vezes. Vee mal chega e com seus joguinhos consegue suas seguidoras pra começar com o tráfico de drogas lá dentro. E Red, depois de ser “despejada” da sua cozinha, dá seus “pulinhos” para continuar trazendo seus produtos de fora e reconquistar suas amigas. O clima começa a esquentar mais ainda quando Red e Vee, que já são velhas conhecidas, começam a disputar as meninas e o tráfico.

A corrupção continua a rolar solta dentro de Litchfield e muitos cortes estão sendo feitos, os policiais sendo mais rigorosos e as detentas perdendo ainda mais suas liberdades (que já eram poucas), o que causa a revolta de muitas delas e uma nova detenta jovem e ativista resolve começar uma greve que não foi muito levada a sério e logo teve fim.

Perto do fim da série uma das chefes da penitenciária é descoberta e afastada do cargo devido aos crimes cometidos lá dentro, e adivinhem quem cooperou pra isso? Sim, Chapmam. Policias também foram afastados e muitas outras coisas aconteceram.

Mas chega de contar o que acontece na segunda temporada porque já falei demais. Vamos falar do que eu achei de verdade.

Eu amei essa segunda temporada, está mais “pesada” digamos assim, mostrando mais das detentas e como elas são de verdade. Mostra ainda mais sobre a corrupção e tem muito mais relacionamentos lésbicos acontecendo, ou seja, quase todo episódio tem cena de sexo lésbico e heterossexual (em menor grau). Uma das melhores séries que já assisti e estou louca pra que comece a terceira temporada, que chega dia 27 de fevereiro de 2015. Recomendo que assistam a primeira temporada se não assistiram e, se assistiram, vejam também a segunda. Pra quem já assistiu as duas quero saber o que vocês acharam, deixem suas opiniões aqui nos comentários.

Bom, por hoje é isso gente, espero que tenham gostado dessa resenha e logo logo trarei mais rsrs.

Beijinhos e até a próxima!
 
 
 

 
 




"FELIZES PARA SEMPRE?": Por que a minissérie da Globo foi - e continua sendo - necessária

(Da esquerda para a direita: Adriana Esteves, João Miguel, Maria Fernanda Cândido, Enrique Diaz, João Baldasserini e Carol Abras, o elenco central da minissérie. / Imagem: Divulgação.)


Sim, esta é a primeira vez que falo de um assunto relacionado a televisão aqui no blog. Mas certamente não será a última. Motivo? Ao contrário de muita gente nessa blogosfera literária, eu não tenho a necessidade birrenta de separar livros e TV, como se um veículo fosse superior ou inferior ao outro. Se buscamos a literatura por prazer e distração, talvez até conhecimento, por que não podemos admitir que o mesmo se dá com a televisão, a internet, o cinema...?
 
Enfim, não se pode negar que, em tempos de internet, a TV continua sendo o meio de comunicação mais difundido no Brasil. O mais acessível, pelo menos. Quem nunca assistiu ao futebol nas quartas à noite ou tirou uma hora para acompanhar o último capítulo da novela, que atire a primeira pedra.
 
Geralmente, a programação brasileira se constrói nos moldes do popular, do entretenimento puro e simples, aquilo que o povo (sem conotação classista, mas no sentido geral da palavra) gosta e quer ver. Lembrando que é a constatação de um fato, e não um juízo de valor. Eu mesmo já fui um telespectador assíduo, desses que sabem dizer a ficha técnica da novela de cor e salteado. Hoje estou meio por fora, mas continuo gostando do gênero.
 
De vez em quando, porém, surgem na telinha algumas ousadias que desafiam o espectador comum. São produções que primam pela qualidade técnica, embora não apresentem garantias de audiência ou sucesso de crítica. Também costumam ser polêmicas, tanto na embalagem quanto no conteúdo. Este é o caso de Felizes Para Sempre?, co-produção da Globo com a O2, exibida entre janeiro e fevereiro deste ano.
 
 
(Paolla Oliveira na pela da prostituta Danny Bond, em Felizes Para Sempre? / Imagem: Globo/Divulgação)



Releitura da minissérie Quem Ama Não Mata (1982), Felizes Para Sempre? surgiu, ironicamente, como uma inovação na teledramaturgia nacional. Além da ambientação em Brasília - uma ruptura com a tradicional "Rio-São Paulo" -, nunca antes uma série global discutiu tão abertamente aquelas questões da vida que todos nós preferimos manter debaixo do tapete. Inclui-se aqui as tensões familiares, abordadas com um tratamento realista, e a sexualidade, destrinchada sem qualquer pudor ou preconceito.

Nesta crônica policial, capitaneada por Paolla Oliveira no papel da prostituta Danny Bond (seu melhor papel até agora), não existiram bandidos ou mocinhos. O que se viu nos deliciosos 10 capítulos da série foram seres humanos palpáveis, possíveis, que poderiam muito bem ser nossos vizinhos ou contatos do Facebook. Cada qual com sua própria espiral de sentimentos, emoções, qualidades e defeitos.

Independente dos índices de audiência, Felizes Para Sempre? foi um sucesso, trazendo ao horário nobre um texto moderno, uma direção inspirada e um elenco que deu conta do recado, para dizer o mínimo.

Apesar de tudo, cabe citar a máxima de que nada é perfeito. A minissérie, escrita por Euclydes Marinho e dirigida por Fernando Meirelles, não surtiu o mesmo efeito para a legião de espectadores insatisfeitos que se manifestaram nas redes sociais. E o mais triste nessa história é que não se pode culpar os autores, os produtores e nem mesmo a Rede Globo. A culpa, a meu ver, é da ignorância. Ou da hipocrisia. Ou de ambas.

Era de se esperar que, em um país hiper-sexualizado que vive à flor da pele, a cena protagonizada pelas nádegas de Paolla Oliveira em um quarto de hotel fosse render certa repercussão. De fato, repercutiu. Viralizou. E irritou. Longe de qualquer moralismo, afinal, do alto da minha homossexualidade, deixo registrado por escrito: que bunda, hein, Paolla?... O problema é que a atriz sempre foi conhecida por sua beleza e sensualidade, então, cadê a novidade, meu chapa?

É aí que entra a hipocrisia do público brasileiro. Basta acessar qualquer post relacionado à série nas páginas administradas pela Globo para se deparar com comentários do gênero: "destruição da família brasileira", "putaria", "pornografia gratuita" e por aí vai. Sério, gente? O ser humano evoluiu até o ano de 2015 para simplesmente morrer na praia? Quando é que vamos assumir para nós mesmos que o sexo e a sexualidade fazem parte da natureza, da vida e até mesmo da família que tais comentários insistem em "defender"? Em que capítulo da minissérie a nudez artística e o sexo não explícito se confundiram com pornografia? E se você sente desejo e transa na vida real, por que seria errado retratar isso na TV, em um programa direcionado ao público adulto??

Enfim, chega a dar desgosto o nível de puritanismo hipócrita que se espalha como uma peste pela nossa sociedade. Sonho com o dia em que ninguém terá problemas em conversar sobre sexo com o filho adolescente, ninguém olhará torto para um casal gay na rua e em que todos terão informação e consciência suficientes para que não precisem se privar dos prazeres que a vida oferece, mas possam desfrutá-los com responsabilidade. Até lá, a TV brasileira não pode se furtar em produzir pérolas como Felizes Para Sempre?, uma vez que elas são, de certa forma, necessárias.


 
 
 




[RESENHA] "FEITIÇO" (Liza Jones)



"Nasceu do pó e ao pó voltou. Que sua alma, que já se foi, e seu corpo retornem à vida. Forças da natureza, unam-se e restaurem-no. Invocamos todas as energias presentes para ajudarem no nosso feito. Que em perfeito estado ele retorne. Invocamos Nicolas Byron de volta a esta vida, a este momento presente, neste local."

 Autora: Liza Jones / Editora: Novo Conceito / Ano: 2013 / Páginas: 158
 
 
"Feitiço" é um livro lançado exclusivamente em formato digital pelo selo Novas Páginas da editora Novo Conceito. Vencedor de um concurso promovido pela editora, o romance de estreia da autora brasileira (sim, brasileira) Liza Jones aposta em uma mistura de amor e fantasia para fisgar o público teen.
 
A trama é protagonizada pelas amigas Mands, Pan e Ana, todas estudantes do último ano na Instituição Willian Hall. Além de desfilar o característico visual dark pelos corredores, o trio forma uma banda de rock e ainda encontra tempo para praticar feitiçaria nas horas vagas.
 
Depois de serem condenadas à detenção pela enésima vez, as "bruxinhas" conseguem fugir do colégio para se reunir no bosque próximo, onde darão o passo mais ousado em suas lições de magia: um arriscado feitiço de ressurreição. O objetivo é trazer de volta o famoso bruxo Nicolas Byron,  tido como um dos mais poderosos de todos os tempos e ídolo das garotas.
 
À primeira vista, o ritual não parece surtir efeito. Mas, no dia seguinte, quando um aluno novo chega à Willian Hall, atendendo pelo nome de Nicolas Byron, as garotas precisam descobrir se trata-se apenas de uma incrível coincidência ou se o novato é, de fato, o bruxo que esperavam.
 
Confesso que o que me atraiu em "Feitiço" foi a temática sobrenatural. Já disse aqui no blog o quanto me interesso pela mitologia das bruxas, e o fato de o livro ser escrito por uma autora iniciante que conseguiu oportunidade em uma das grandes editoras brasileiras fez com que, automaticamente, ocupasse seu lugar na minha "listinha" de desejados.
 
Desde o início estive ciente de que esta seria uma leitura despretensiosa, simples e rápida, devido ao reduzido número de páginas. O enredo é instigante, as personagens demonstram potencial e algumas viradas na história certamente me pegaram desprevenido. É uma pena que, no fim das contas, o livro tenha me deixado com um gostinho de decepção na boca.
 
A impressão que fica é a de que a trama poderia - e deveria - ter rendido muito mais. Com tantas possibilidades, conflitos promissores, vilões poderosos e cenas bacanas, "Feitiço" peca pelo simplismo da narrativa. Isso acabou fazendo com que a história parecesse rasa, improvisada, e, para ser sincero, senti como se estivesse lendo uma fanfic. Nada contra o gênero, mas não era isso o que eu esperava quando baixei o e-book.
 
No desenrolar da história, percebe-se um alto teor de ingenuidade - tanto da narrativa quanto dos personagens. Fiquei desapontado ao constatar a extrema facilidade com que certos problemas são resolvidos, assim como comportamentos imprudentes e até improváveis que alguns personagens acabam assumindo.
 
Em minha humilde opinião, "Feitiço" é uma sombra da grande história que poderia ter sido. Torço para que a autora dê uma atenção especial a ele e trabalhe em uma nova edição. Afinal, tenho certeza de que Mands, Pan, Ana, Nicolas e companhia teriam muito mais a oferecer.
 
 
 
 
 
 


[SÉRIE] "ORANGE IS THE NEW BLACK"



(Divulgação / Netflix.)


Oii pessoas! Hoje não vim para falar de livros, hoje vou resenhar sobre uma série chamada “Orange Is The New Black”. Já havia um tempo que estava ouvindo falar dessa série que é uma série original da Netflix, vários comentários positivos, o que me motivou a começar a assistir. A série até o momento tem duas temporadas e vou falar apenas da primeira, vou fazer por partes.

“Orange Is The New Black” é o tipo de série que te prende desde o primeiro episódio, definitivamente. Assisti o primeiro episódio e já queria saber o que ia acontecer pra frente, e fui pro segundo episódio, e assim sucessivamente.

A série trata de uma mulher chamada Piper Chapmam que mora em Nova York e é condenada a cumprir 15 meses numa prisão feminina federal por ter participado do transporte de uma mala de dinheiro proveniente do tráfico de drogas, a pedido da sua ex-namorada, Alex Vause, que é peça importante num cartel internacional de drogas. Isso aconteceu há 10 anos antes do início da série.

Piper agora está noiva de um homem chamado Larry Bloom e vive uma vida “comum” até se entregar para a polícia. Já na cadeia, logo no seu primeiro dia na prisão, ela se encontra justamente com Alex, sendo que há alguns anos que já não tinham mais contato algum. Foi uma surpresa, pode-se dizer terrível. Nos primeiros dias que se seguem ela se mete em algumas confusões, até “pegar o jeito” da coisa, e depois também, mas seria quase impossível não se meter em encrencas nunca cadeia!

Eu achei a primeira temporada ótima, uma coisa viciante mesmo. A série conta com um conteúdo mais adulto, a faixa é de acima de 18 anos, por conter cenas de sexo, violência e uso de drogas. Mas apesar disso, a série oferece um conteúdo bem rico, já que além do(s) romance(s) homossexual(is) que existe(m), coisa que talvez pra quem tenha uma mente não tão aberta vá achar uma série pesada e talvez “suja”, a série também mostra como é a vida dentro de uma penitenciária, como as mulheres tem que agir, como são os relacionamentos, como a falta do próprio sexo influencia as atitudes dessas mulheres, e é claro, como funciona dentro da administração dessas penitenciárias, o abuso dos policiais, a corrupção, a forma de esconder os escândalos, a forma como coisas ilegais de vários gêneros entram e chegam nas mãos das presas.

Esse conteúdo é o que mais me chama atenção, mas isso também é uma coisa bem pessoal de cada um. Mas sim, os romances, tanto héteros como homossexuais, também chamam, como a própria Piper e seu noivo ou a convivência com a ex dela lá dentro, o romance hétero de uma detenta e um policial (que é lindo demais rsrsrs) e a transformação/adaptação rápida de Piper.

Definitivamente “Orange Is The New Black” é uma ótima série, tem tudo pra crescer ainda mais e estou doida pra ver logo a segunda temporada e vir correndo contar tudooo pra vocês! Super indico pra quem ama assistir séries, tem muita coisa boa nela, não é uma série chata, que não anda, daquelas que só ficam boas no final, tem muita coisa que eu fico louca pra contar, mas não posso senão entrego tudo de bandeja e spoiler não é legal rsrsr Eu particularmente não ligo de receber spoiler, amo saber antes da hora o que vai acontecer, mas como sei que a maioria não gosta vou ficar quietinha.

Eu vou ficando por aqui, peço desculpas pela demora em postar, estive muito atarefada e não conseguia nem ler nem assistir nada. Espero que tenham gostado da resenha que fiz com tanto carinho pra vocês, deixe suas opiniões, elogios, críticas, enfim, o que quiserem me falar aqui nos comentários. Obrigada pela atenção, até a próxima resenha e beijinhos :*





ESPECIAL 12 LIVROS PARA 2015: [RESENHA] "O RETORNO A DEL" (Emily Rodda)



Autora: Emily Rodda / Tradutor(a): não informado / Série: Deltora Quest (#1.8) / Editora: Fundamento / Ano: 2000 / Páginas: 112

"O Retorno a Del", da australiana Jennifer Rowe (sob o pseudônimo Emily Rodda), já apareceu aqui no blog em um post especial que estabelecia uma meta de 12 livros a serem lidos no ano de 2015. Pois bem, é com grande satisfação que anuncio que o primeiro item da lista já foi eliminado!

Deltora Quest é uma saga de fantasia infanto-juvenil que vendeu milhões de exemplares ao redor do mundo, embora não seja assim tão conhecida no Brasil. Em 2006, a série foi adaptada para um anime, inédito por aqui.

O enredo, a princípio, soa clichê. No primeiro livro, "As Florestas do Silêncio", o reino de Deltora é um cenário medieval localizado em algum continente fictício. Sua população vive em paz e harmonia, sob o poder de uma valorosa monarquia que preza pelo bem-estar do povo. Neste contexto, destaca-se a relação de amizade e fide"lidade entre Endon, o herdeiro do trono, e Jarred, um guarda do palácio.

Porém, as coisas mudam drasticamente quando o perverso Senhor das Sombras invade o palácio real, destruindo o mágico Cinturão de Deltora e usurpando o trono. Em pouco tempo, seu reinado tirânico transforma Deltora em uma ruína daquilo que costumava ser.
 
Dezesseis anos depois, o jovem Lief, filho de Jarred, decide partir em uma perigosa jornada para libertar seu povo do jugo das sombras. Ele sabe que o Senhor das Sombras só poderá ser derrotado quando as sete pedras do Cinturão - topázio, ametista, esmeralda, opala, lápis-lazúli, diamante e rubi - estiverem novamente reunidas. Mas a tarefa não será nada fácil, pois o vilão escondeu cada uma das preciosidades nos lugares mais inóspitos e perigosos do reino, sob a vigilância de monstruosos guardiões.
 
Em sua empreitada, Lief contará com a ajuda de dois bravos companheiros: Barda, um guarda experiente do palácio; e Jasmine, uma garota valente que vive nas Florestas do Silêncio.
 
Este é o enredo que se desenrola nos oito volumes iniciais. Além destes, há outros sete, divididos em duas premissas diferentes - "Na Terra das Sombras", com três livros, e "Os Dragões de Deltora", com quatro.
 
Não sou um leitor contumaz de alta fantasia e sei que Deltora Quest não chega aos pés, literariamente falando, de medalhões como J. R. R. Tolkien ("O Senhor dos Anéis") e C. S. Lewis ("As Crônicas de Nárnia"). Mas, independentemente de qualquer coisa, a saga é o meu xodó. Sempre vibrei com as aventuras de Lief, Barda e Jasmine e aguardo ansiosamente a oportunidade de assistir ao anime.
 
"O Retorno a Del" segue a fórmula dos livros anteriores - intenso, eletrizante e bem amarrado. Os segredos revelados, bem como as reviravoltas empregadas pela autora, cumprem perfeitamente o papel de envolver e prender o leitor. O "desfecho", aliás, deixa um gostinho de quero mais. É impossível não querer correr para comprar o próximo livro!
 
 
 



Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *