Pausa na Viagem: [RESENHA] "A DESCOBERTA DAS BRUXAS" (Deborah Harkness)
Image Map

[RESENHA] "A DESCOBERTA DAS BRUXAS" (Deborah Harkness)




"Lembre-se, Diana, as maiores maravilhas que experimentamos são misteriosas. Toda arte e ciência verdadeiras têm a sua origem em tais maravilhas. Aquele para quem esse tipo de experiência causa estranhamento, aquele que não se detém para admirar e se extasiar em veneração, é como um morto cujos olhos já estão fechados". (p. 505)

Autor(a): Deborah Harkness / Tradutor(a): Marcia Frazão / Série: Trilogia das Almas (#1) / Editora: Rocco / Ano: 2011 / Páginas: 640


"A Descoberta das Bruxas" (no original, "A Discovery Of Witches") é o primeiro romance da historiadora americana Deborah Harkness e, também, o volume inicial da Trilogia das Almas.

O livro é anunciado como um épico da literatura sobrenatural e tem como protagonista Diana Bishop, uma historiadora americana que está em Oxford, na Inglaterra, para mais uma de suas pesquisas. Descendente de uma célebre família de bruxas - incluindo Bridget Bishop, uma das famosas “Bruxas de Salém” -, tudo o que Diana quer é viver a vida comum de qualquer ser humano, evitando com todas as forças a magia que corre em seu sangue.

Antes de prosseguir, gostaria de fazer uma explicação básica sobre o universo da trama: as criaturas ‘antropomórficas’ são divididas em quatro espécies - humanos, bruxos, vampiros e demônios. Os humanos são os únicos que desconhecem a existência dos demais, graças a determinações da Congregação (uma entidade formada por representantes das três espécies sobrenaturais) que proíbem certas interferências no mundo humano.

Enfim, voltando à Diana… a vida da historiadora muda a partir do momento em que ela entra em contato com o Ashmole 782, um manuscrito milenar cheio de segredos, e se vê cercada por diversos seres sobrenaturais (existem sinais físicos para que ela seja capaz de reconhecê-los). 

É claro que seria coincidência demais. Em pouco tempo, Diana conhece Matthew Clairmont, um respeitado médico/cientista, que a flagra em um raro momento de exercício da magia. Matthew é um vampiro - daqueles tradicionais, com poder de sedução descomunal, sentidos aguçados e super velocidade -, e isso já seria o bastante para obrigá-lo a manter distância da historiadora.

No entanto, como vocês já devem ter adivinhado, é óbvio que ele vai impôr sua presença na vida de Diana, sob o pretexto de protegê-la e demonstrando saber muito a respeito dela. Diana e Matthew acabarão descobrindo que tudo o que sabem a respeito das próprias vidas não representa uma vantagem diante dos segredos que os esperam.

*suspiro*

Mal sei por onde começar meus comentários. Bom, começarei com uma confissão: eu nutria altas expectativas para "A Descoberta das Bruxas”. Por dois simples motivos: 1) Sou apaixonado pela mitologia das bruxas; 2) Sempre quis ler um romance histórico com este tema.

Porém, o livro tem o péssimo hábito de prometer e não cumprir - ou cumprir de maneira muito, muito decepcionante. No início, eu realmente senti que estava diante de uma obra que iria me viciar e consumir meus pensamentos por um bom tempo. Já estava preparado para favoritá-la no Skoob.

Não me entendam mal, não estou querendo dizer que o livro é ruim, ou que Deborah Harkness escreve porcamente. Em ambos os casos, eu estaria mentindo. O que quero dizer é que, infelizmente, "A Descoberta das Bruxas" não funcionou para mim.

Eu simplesmente odeio quando o autor se perde em descrições desnecessárias e acaba “enchendo linguiça”, fazendo com que o meu interesse por continuar a leitura evapore. Este é o caso aqui. A história tem um potencial extraordinário, mas Harkness acaba sabotando a própria criação ao jogá-la numa poça de areia movediça, fazendo com que não afunde nem emerja, mas acabe encalhada e rançosa na maioria das páginas.

Outro ponto negativo é o relacionamento amoroso de Matthew e Diana. Eu apostava na química e na história do casal, até que as atitudes irritantes de ambos despertaram minha má vontade. Matthew é, de longe, o personagem mais intragável do livro: arrogante, lacônico e supercontrolador, destruiu pelos próprios méritos a imagem de sedutor das trevas. Opressor e machista em 80% das vezes, me fez invejar a paciência de Diana.

Ela, por sua vez, sofreu uma incompreensível mudança de personalidade à medida que se envolvia com o vampiro. Sua independência, inteligência e determinação - características que me conquistaram no início - acabaram ficando em segundo plano. A protagonista passa a viver em função de seu amor incondicional por Matthew, acatando suas ordens e opiniões sem qualquer menção de questioná-las.

Enfim, embora o livro tenha lá seus defeitos, não é de todo o ruim. Afinal, o que fez com que eu o lesse até o final foi sua esperta “armadilha”: quando a história cai na morosidade, logo vem um gancho ou uma reviravolta para conferir-lhe alguma dignidade.

Também é de se elogiar a extensa pesquisa de Harkness para compor a história. "A Descoberta das Bruxas" é repleto de referências históricas interessantes, que enriquecem a trama e até participam diretamente dela.

Para quem gosta de livros sobrenaturais extensos com uma boa dose de romance, mas que não se importa com a ausência de ação, "A Descoberta das Bruxas” pode ser um título interessante.

O segundo livro da Trilogia das Almas, "Sombras da Noite”("Shadows Of The Night"), já foi publicado no Brasil, e o terceiro ("The Book Of Life") não deve demorar a chegar por aqui.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *